quarta-feira, 29 de março de 2017

Série Os pets não são os vilões: Esporotricose

Edson Antonio de Lima Junior
Graduando de Medicina Veterinária, UEL

Nos últimos dias vimos muitas notícias veiculadas nas redes sociais comentando sobre uma doença que acomete principalmente felinos domésticos e que pode ser transmitida para o ser humano: a esporotricose.

Essa é uma micose causada pelo fungo denominado Sporothrix schenckii, de potencial zoonótico (transmitido dos animais para os homens e vice-versa), que pode acometer diversas espécies (cães, gatos, equinos, caprinos, suínos, aves, animais silvestres) podendo ser fatal para os animais infectados. Trata-se geralmente de uma enfermidade com caráter ocupacional, ou seja, isso deve-se ao fato do fungo estar disseminado no ambiente em locais como solo; madeira em decomposição; plantas; palha, assim trabalhadores que mantenham contato com esses tipos de materiais (floristas, funcionários de madeireiras, jardineiros, horticultores) quando sofrem lesões (cortes na pele, por exemplo) favorecem o desenvolvimento do fungo na região lesionada, podendo levar a quadros sintomáticos da doença.

Estão expostos à forma de transmissão zoonótica (dos animais acometidos para seres humanos suscetíveis) indivíduos que têm contato próximo com animais: médicos veterinários, tosadores e os próprios guardiões. A partir daí surge a grande preocupação com a esporotricose. O contato dos humanos com os animais tidos como pets é cada vez maior. É muito mais comum a presença de cães e gatos dentro de nossas casas, logo os riscos que existem em torno da veiculação de agentes nocivos a nós e aos animais aumenta também.

Os gatos são tidos como os principais portadores do agente, esses adquirindo-o quando envolvidos em brigas (durante as quais um animal doente poderá passar ao outro através de mordeduras e/ou arranhaduras) ou através do hábito de afiar as unhas em árvores e afins (locais estes onde o Sporothrix schenckii se desenvolve). É muito comum o desenvolvimento de lesões em focinho e membros dos animais infectados. A partir daí o gato portador pode transmitir o fungo para humanos susceptíveis através de arranhaduras e mordeduras.

Quando presentes as lesões no animal é de extrema importância que se consulte um médico veterinário, o qual realizará o dignóstico da doença o mais breve possível para que se institua um tratamento. O tratamento da doença é de suma importância pois só assim o agente deixará de ser transmitido por aquele indivíduo. É importante isolar o animal acometido e seguir todo o período de terapia em isolamento.

Um animal jamais deve ser abandonado, especialmente quando está com esporotricose. O animal abandonado sem tratamento age como disseminador do fungo para outros animais e age na manutenção desse no ambiente. Caso o indivíduo acometido venha a óbito é extremamente importante destinar corretamente o cadáver, pois este também serve de base para o desenvolvimento do fungo, logo o simples ato de enterrar o animal contribui para o estabelecimento do Sporothrix schenckii naquele local.

Figura 1. Informativo. Fonte: Blog Somos loucos por gatos.

Não devemos ter o gato como vilão, ele como pet está sob nossa responsabilidade. Medidas como a castração, impedir que os animais tenham acesso à rua, evitar aglomerações, consultas de rotina com médicos veterinários e a conscientização da população são muito importantes, não somente para evitar a ocorrência da esporotricose, mas sim para garantir uma boa qualidade de vida para o animal e para o guardião.

Então é isso!
Até o próximo post! 


Bibliografia
GATOS, Somos Loucos Por. Esporotricose. Disponível em: <https://somosloucosporgatos.blogspot.com.br/2015/12/esporotricose-de-quem-e-culpa.html>. Acesso em: 27 mar. 2017.
LARSSON, C. E. . Esporotricose. Brazilian Journal of Veterinary Research and Animal Science 48.3 (2011): 250-259.

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